5 FATOS SOBRE O REI DE AMARELO
- Thainá Ferreira, editora
- 23 de nov. de 2020
- 3 min de leitura
O novo lançamento da Tópos é O Rei de Amarelo de Robert W. Chambers, uma obra que une horror cósmico e distopia. Para que você se sinta mais familiarizado com o livro e a temática que o envolve, reunimos aqui cinco fatos sobre a criação do universo amarelo e aspectos que o influenciaram. Boa leitura!
1º Fato
Robert Chambers recebeu a influência de muitas obras do século XIX para compor O Rei de Amarelo, algumas alucinantes, como o conto The Yellow Wallpaper de 1892, da feminista americana Charllote Perkins Gilman. O conto retrata a história de uma mulher que possuí um papel de parede onde a cor amarela é predominante. Esse papel não é comum, ele altera sua aparência ao mostrar figuras estranhas, novas formas, rostos e sombras. Assustador, não é mesmo?
2º Fato
Ambrose Bierce talvez possa ser considerado um dos maiores inflencers para a criação da mitologia amarela de Chambers, pois em vários de seus contos temos menções a Carcosa, Hastur e etc. No conto A Demoiselle d’Y’ por exemplo, Hastur aparece na figura de uma mulher que controla o protagonista. Ela é mais do que uma humana, é quase uma viajante no tempo. Essas características de controle e poderes sobre-humanos podem ter migrado para o Hastur dos contos.
3º Fato
O poder das palavras é um tema usual da mitologia amarela. Fato que também acontece no teatro, um exemplo disso é a superstição a respeito da peça Macbeth de Shakespeare, pois quando o nome da peça é pronunciado traz má sorte e causa acidentes, quase como se fosse amaldiçoado. Por este motivo as companhias que trabalham com a trama a nomeiam de “Aquela peça escocesa”. O termo “quebre a perna” vem de uma superstição parecida, uma vez que desejar boa sorte tem o sentido contrário para os atores, como se fosse desejado azar. Proferir nomes sagrados em voz alta em algumas culturas é como se chamássemos essas divindades e pode trazer consequências. E aonde isso se encaixa no Rei de amarelo? Dizer o nome de Hastur também pode ser considerado potencialmente perigoso, o que explica porque muitos apenas se referem a ele como “Aquele que não pode ser nomeado”. Conseguiu lembrar de algum personagem?
4º Fato
Você sabia que O Rei de Amarelo tem relação com o teatro Grego Clássico? Vou contar o porquê. Nele é oferecido a uma pessoa o poder vocal para explicar momentos importantes antes que eles ocorram na performance. Essa pessoa tem conhecimento prévio desses acontecimentos e ela age como um narrador que deixa claro o contexto da cena antes que ela se desenrole. No Rei de Amarelo, o estranho que chega à cidade disposto a transforma-la em Carcosa tem a atitude desse narrador, pois sabe exatamente o que irá acontecer e manipula os acontecimentos para tal. No teatro clássico inclusive, este narrador era como uma divindade onipresente que sabia de tudo. Para caracterizar o seu poder, usava uma máscara sem expressão, ou ás vezes ficava fora do palco para que apenas escutassem sua voz, como se fosse uma presença invisível.
5º Fato
Podemos encontrar na obra de Chambers citações da Bíblia Sagrada, assim como outros elementos judaico-cristã. Muitos autores inclusive consideram Hastur um conceito filosófico de Satã, o que não seria estranho, pois Robert já desenhou O Rei de Amarelo com asas de anjo. Pegou a referência?
Outro fator cristão perceptível é o princípio de que a face de Deus não pode ser vista sem causar risco a sanidade. Apenas os dignos podem contemplá-la. É possível observarmos também críticas implícitas do autor a igreja, como em No Pátio do Dragão, onde o protagonista amedrontado procura a proteção e segurança na igreja, mas o oposto acontece.
E aí? Você gostou de descobrir esses fatos que permeiam a mitologia amarela e as referências a realidade que foram incluídas nos contos?
Esperamos que sim.
Deixe aqui nos comentários as suas impressões. Cuidado com as palavras, pode ser perigoso!
Até a próxima!
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